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quinta-feira

Linguagem e percepção

Para a tradição filosófica desde Descartes, a linguagem se refere a um conjunto de dados dos sentidos. A frase "dor de dente", assim, se refere a uma sensação de dor que a pessoa sente em algum dente.

Mas como saber se o que estou sentindo e chamo de "dor de dente" corresponde àquela mesma sensação que você teve e que também chamou de "dor de dente"? Ou o que você chama de "amor", será que é o mesmo referente que eu designo quando uso essa palavra? Ou ainda, quando um repórter na TV pergunta para uma pessoa o que ela está sentindo, depois de sobreviver a uma enchente, por exemplo, o relato corresponderia realmente às mesmas sensações que teríamos se tivesse acontecido conosco?

É razoável supor que podemos usar palavras de forma equivocada, como quando digo que uma cor é "lilás" e outra pessoa diz "roxo". Estamos tendo a mesma percepção do espectro de luz? Diz o filósofo: "O essencial das vivências privadas não é que cada um possua seu exemplar, mas que nenhum saiba que se o outro tem também isto ou algo diferente. Seria pois possível a suposição - ainda que não verificável - de que uma parte da humanidade tenha uma sensação do vermelho e outra parte uma outra sensação" (IF § 272).

Como aprenderíamos a ligar o nome a uma coisa, se o nome fosse inventado tendo como base a minha percepção das coisas? Como saber que estamos falando da mesma coisa? Wittgenstein dá ainda o exemplo da caixa contendo um besouro: "Suponhamos que cada um tivesse uma caixa e que dentro dela houvesse algo que chamamos de 'besouro'. Ninguém pode olhar dentro da caixa do outro; e cada um diz que sabe o que é um besouro apenas por olhar seu besouro. Poderia ser que cada um tivesse algo diferente em sua caixa" (IF § 293).

Poderia também inventar um nome completamente distinto para as coisas de modo que somente eu compreendesse aquilo, como uma linguagem privada que não pudesse compartilhar com o mundo. Um vocabulário e uma gramática desconhecida dos demais, um código próprio que somente quem o criou pudesse compreender.

O argumento da linguagem privada de Wittgenstein nega que tal coisa seja possível. Basicamente, faz isso por rejeitar a noção de que as palavras tenham como referentes diretos as sensações, que elas representariam.
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